17/10/2021
Há ganas de dança nos pés que ora não tenho.
FANTASMA começou a ser pensado em 2012, quando minha amiga Brisa Paim, morando em Portugal, recebeu a visita de sua família, que ficou em uma hospedaria. Para brincar com os sogros, o Carlos (companheiro da Brisa), fez uma montagem, na qual sobrepôs a imagem de uma pessoa a uma fotografia do interior do cômodo em que estavam hospedados. Acho que foi uma imagem do Michael Jackson, mas com pouca visibilidade, que ele sobrepôs à foto, como se sendo um ectoplasma.
A Brisa mostrou-me a imagem. E depois fiquei pensando: e se uma família, durante uma viagem, fosse assombrada por um fantasma no quarto em que eles estivessem hospedados?
E se?
Como a literatura é sempre um “e se?”, diversas possibilidade foram-se formando desde que, em 2014, comecei a digitar o romance. Foram várias tentativas de encontrar a linguagem que me parecia a mais adequada àquilo que eu queria contar.
Em suas primeiras versões, o romance era narrado em primeira pessoa. Depois, passei a adotar a narração em terceira pessoa:
Mas, uma das principais dificuldades foi a de decidir como se daria a apresentação das diversas vozes presentes no romance: a da narração, a das personagens, a voz da entidade fantasma. Que modo narrativo seria o adequado a esse texto em específico.
Desde o começo, diversos modos foram tentados.
Diversos modos, várias tentativas de encontrar algo que dissesse as vozes, dando-lhes distinção e formas condizentes com suas naturezas, mas que não “quebrasse” o texto, conseguindo manter ao mesmo tempo a diversidade e a fluidez.
Até finalmente aparecer em sua forma final:
Fica isto como uma isca, um aceno para que você acolha, dê guarida ao FANTASMA.
Por Nilton Resende.